Mulher-Maravilha 1984: 5 Anos de Um “Flop” Injustiçado

Por Oliver A. - Publicado em 26/12/2025

Mulher-Maravilha 1984: 5 Anos de Um “Flop” Injustiçado que Merece Reavaliação

No universo cinematográfico de super-heróis, poucos filmes geram tanta discórdia quanto Mulher-Maravilha 1984 (WW84). Lançado há cinco anos, este longa-metragem não apenas quebrou a estranha sequência de sete anos do DCEU sem uma continuação numérica tradicional, mas também inaugurou uma nova era de controvérsia para a Warner Bros. e a DC.

O consenso geral, impulsionado por um lançamento caótico em meio à pandemia, classificou WW84 como um fracasso retumbante e, talvez, o maior deslize criativo da saga. No entanto, ao olharmos para trás, despidos do furor do dia zero, surge uma questão provocadora: será que o “flop” de Diana Prince em 1984 é, na verdade, um filme muito melhor e mais corajoso do que nos lembramos?

O Contexto da Catástrofe: O Fator HBO Max e a Pandemia

É impossível discutir a reputação de WW84 sem abordar seu lançamento. Em dezembro de 2020, o filme foi ao ar simultaneamente nos cinemas (onde estavam abertos) e no então incipiente serviço de streaming HBO Max. Essa decisão histórica foi um salva-vidas financeiro para a Warner, mas um golpe fatal para a percepção de prestígio do filme.

O modelo híbrido de lançamento, embora compreensível durante o pico da crise sanitária global, sinalizou que o filme era menos um evento cinematográfico épico e mais um conteúdo de preenchimento para impulsionar assinaturas. O ruído em torno da estratégia obscureceu o mérito real da obra.

Essa combinação de acesso instantâneo e ausência de tela grande para a maioria dos espectadores contribuiu para uma análise crítica que se concentrou mais em suas falhas do que em suas ousadias. As críticas sobre o ritmo arrastado e o tom excessivamente otimista pareciam amplificadas no ambiente de visualização caseira.

A Busca pela Leveza e a Maldição da Sequência

Patty Jenkins, a diretora, tinha uma missão clara após o sucesso sombrio, mas aclamado, de Mulher-Maravilha (2017): injetar otimismo. O DCEU, na época, era conhecido por sua paleta de cores acinzentada e narrativas pesadas. WW84 tentou reverter isso com uma estética vibrante, inspirada diretamente no camp dos anos 80, e uma mensagem central sobre verdade e sacrifício.

O Calcanhar de Aquiles: A Pedra dos Sonhos e o Roteiro Convoluído

Se há um ponto onde o filme tropeça inegavelmente, é na mecânica do roteiro. A introdução da “Pedra dos Sonhos” (Dreamstone) e seu poder de concessão de desejos transformou a narrativa de super-heroína em uma fábula de moralidade complexa. O arco de Maxwell Lord (Pedro Pascal) é, em si, fascinante—uma crítica ao capitalismo desenfreado e à ganância —, mas a logística de desfazer os desejos consumiu grande parte do tempo de tela, resultando em:

  • Um clímax menos focado na ação física e mais na persuasão emocional.
  • O controverso retorno de Steve Trevor (Chris Pine) em um corpo de outra pessoa, levantando sérias questões éticas (e narrativas).
  • Um tempo de tela excessivo (2 horas e 31 minutos) para uma história que pedia mais concisão.

Pontos Fortes Esquecidos que Merecem Destaque

Apesar das falhas estruturais, WW84 acerta em elementos que a crítica inicial ignorou, especialmente quando comparado à média atual dos filmes de super-heróis saturados de CGI genérico.

1. A Estética e o Compromisso com os Anos 80

Diferente de filmes que usam o passado apenas como cenário, WW84 abraça a década com figurinos, trilha sonora e design de produção impecáveis. O filme é visualmente deslumbrante e coerente em seu kitsch, transportando o espectador de volta a uma época de ingenuidade e excesso. O voo de Diana e Steve sobre os fogos de artifício é um momento puro de magia cinematográfica.

2. A Química de Gal Gadot e Chris Pine

A dupla principal continua sendo o coração do filme. A inversão de papéis — Steve maravilhado com a tecnologia moderna, Diana melancólica — proporciona momentos de ternura e humor genuínos. A performance de Gadot como uma heroína que precisa renunciar ao seu maior desejo para salvar o mundo é poderosa, focando na essência do sacrifício que define a Mulher-Maravilha.

3. Cheetah: Uma Vilã com Profundidade (Quase)

Kristen Wiig como Barbara Ann Minerva, que se transforma em Cheetah, oferece um dos arcos de vilã mais humanos e trágicos do DCEU. Sua inveja e desejo de ser “especial” são palpáveis, ressoando com temas de insegurança feminina. Embora sua forma final de Cheetah tenha sido prejudicada pelo CGI, sua jornada psicológica é o contraponto perfeito à moralidade inabalável de Diana.

Opinião Inicial vs. Opinião Atualizada: O Legado

Cinco anos depois, Mulher-Maravilha 1984 não deve ser visto como um filme perfeito, mas sim como uma tentativa corajosa de fazer algo diferente. Seu “fracasso” reside menos na qualidade da execução de sua visão e mais na inadequação de seu lançamento e na rejeição do público a um tom leve após anos de escuridão no gênero.

AspectoOpinião Inicial (2020)Reavaliação (2025)
Ritmo/DuraçãoLento e arrastado.Permite desenvolvimento de personagens complexos.
TomIngênuo demais para o DCEU.Otimismo necessário e fiel à essência da personagem.
AçãoInsuficiente e foco excessivo em CGI.Clímax subversivo, focado na moralidade em vez da porrada.
Melhor QualidadeQuímica entre Gadot e Pine.Compromisso visual e design de produção oitentista.

Ao se distanciar da bilheteria e da controvérsia da HBO Max, o filme revela-se uma reflexão sincera sobre o custo da ambição e o valor da verdade. Talvez o maior erro de Mulher-Maravilha 1984 tenha sido não ser o que o público esperava, mas sim o que a heroína sempre representou: uma fonte de esperança complexa, mesmo que imperfeita.

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Oliver A.

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