Larian usa IA em Divinity com ética, diz Swen Vincke
Por Oliver A. - Publicado em 17/12/2025
Larian Studios e o Uso Estratégico de IA em Divinity: A Nuance de Swen Vincke
Após o estrondoso sucesso de Baldur’s Gate 3, a Larian Studios se estabeleceu como uma das desenvolvedoras mais respeitadas do planeta, conhecida por seu foco incansável na profundidade da narrativa e na agência do jogador. Naturalmente, todas as atenções se voltam agora para seu próximo grande projeto: um novo título da aclamada franquia Divinity.
A notícia mais recente, no entanto, gerou ondas de discussão na comunidade: a Larian está utilizando Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (Aprendizado de Máquina) no desenvolvimento do novo Divinity. Mas, como o CEO Swen Vincke fez questão de frisar, há uma nuance crucial. O uso de IA pela Larian é fundamentalmente diferente da visão de substituição de criadores que permeia outras partes da indústria.
O Posicionamento de Swen Vincke: Uma Ferramenta, Não um Substituto
A preocupação com a IA generativa, especialmente no campo da arte, roteiro e dublagem, tem sido um ponto de tensão crescente entre desenvolvedores e estúdios. Vincke, conhecido por seu discurso direto e paixão pela criação manual, buscou dissipar o receio de que a Larian estaria trocando artistas por algoritmos.
Em essência, a Larian está explorando a IA como uma ferramenta de otimização e aprimoramento, e não como uma fonte primária de conteúdo criativo. Trata-se de usar a tecnologia para eliminar gargalos e melhorar a qualidade de vida dos desenvolvedores, permitindo que os criadores humanos se concentrem nas decisões de design mais complexas e na alma do jogo.
“Estamos usando IA. Estamos usando aprendizado de máquina. Mas não estamos usando isso para substituir criadores. Estamos usando para tornar nosso trabalho melhor e mais eficiente.” — A filosofia de Swen Vincke.
Onde a IA Pode Estar Contribuindo em Divinity?
Embora Vincke não tenha detalhado todas as aplicações específicas, a adoção responsável de IA em um RPG maciço como Divinity geralmente se concentra em áreas onde o volume de trabalho repetitivo é alto e a criatividade central não é comprometida. Acreditamos que a IA esteja sendo aplicada nos seguintes setores:
- Otimização de QA (Controle de Qualidade): Testar automaticamente milhares de combinações de diálogos ou interações ambientais que seriam impossíveis de cobrir manualmente.
- Geração de Assets de Baixo Impacto: Criação de texturas de fundo, variações de objetos ambientais (rochas, vegetação) ou NPCs genéricos, liberando artistas sêniores para focar em personagens e cenários chave.
- Ferramentas de Roteirização e Edição: Auxílio na categorização, etiquetagem e edição inicial de vastos volumes de texto e diálogos, algo essencial para um RPG com a escala da Larian.
- Análise de Comportamento do Jogador: Utilizar Machine Learning para entender padrões de jogabilidade e identificar onde o design pode estar quebrando ou frustrando os usuários.
A Diferença Crucial: ML vs. IA Generativa Total
É vital diferenciar o Machine Learning (ML) aplicado a processos de otimização (como encontrar bugs ou limpar áudio) e a IA Generativa total, que tenta criar conteúdo artístico completo do zero. A Larian parece estar inclinada fortemente para a primeira abordagem, mantendo o controle criativo firmemente nas mãos humanas.
A Crise Ética da IA na Indústria de Jogos
O anúncio da Larian ocorre em um momento delicado para a indústria. Grandes estúdios têm enfrentado críticas e, em alguns casos, protestos sindicais, devido ao uso da IA como justificativa para ondas de demissões em massa. Muitos desenvolvedores veem a tecnologia não como um copiloto, mas como um substituto iminente.
A postura da Larian serve, portanto, como um estudo de caso sobre como a tecnologia pode ser integrada sem sacrificar a força de trabalho ou a qualidade artesanal que define seus jogos. A integridade criativa de Baldur’s Gate 3, um jogo que transborda personalidade e humanidade, é a melhor prova de que a Larian valoriza a contribuição individual.
Larian Studios: Um Modelo de Adoção Responsável
| Propósito da IA | Aprimoramento, eficiência e eliminação de tarefas repetitivas. | Substituição de força de trabalho e redução de custos operacionais. |
| Controle Criativo | Totalmente humano. IA como assistente. | Delegado à ferramenta, priorizando a velocidade sobre a originalidade. |
| Impacto na Equipe | Melhora a qualidade de vida e permite foco em áreas cruciais. | Risco de demissões em massa e desvalorização do artista. |
A lição aqui não é sobre rejeitar a tecnologia. Ela é sobre a intenção. Se a IA está sendo implementada para apoiar um time de criadores talentosos ou para cortar custos, a diferença de qualidade no produto final será gritante.
Conclusão: Preservando a “Magia Larian”
A Larian Studios demonstrou que é possível abraçar o futuro tecnológico sem abandonar o toque humano que faz seus jogos serem tão especiais. Ao utilizar o Aprendizado de Máquina de maneira estratégica e ética em Divinity, eles estão pavimentando um caminho para que outros estúdios vejam a IA não como uma solução milagrosa para a folha de pagamento, mas como uma poderosa ferramenta de apoio ao talento humano. É o compromisso com essa nuance que deve garantir que o próximo Divinity mantenha a mesma profundidade e qualidade pela qual a Larian é mundialmente reconhecida.
Oliver A.
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